quarta-feira, 6 de abril de 2011

HOMOFOBIA NO ESPORTE! EM PARTIDA DE VOLEI JOGADOR É OFENDIDO POR UM ESTÁDIO INTEIRO!

Michael Volei Futuro  (Foto: Divulgação/CBV)
Michael, jogador do Vôlei Futuro (Foto: CBV)

O primeiro jogo pelas semifinais da Superliga masculina entre Cruzeiro e Vôlei Futuro, vencido pela equipe mineira por 3 sets a 2, foi para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD). O time de Araçatuba, que jogava fora de casa, encaminhou ao tribunal e à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) um relatório com reclamações sobre o confronto. Em nota divulgada pela assessoria de imprensa, o clube alega a presença de um segurança aparentemente alcoolizado na porta do vestiário, tumulto nas arquibancadas e ofensas homofóbicas ao atleta Michael durante o confronto em Contagem, Minas Gerais. De acordo com a assessoria da CBV, entretanto, nem o árbitro nem o delegado da partida relataram qualquer tipo de irregularidade.
O suposto comportamento preconceituoso da torcida gerou um protesto veemente por parte do jogador, que acredita que seu desempenho em quadra foi prejudicado.

- O ginásio estava superlotado e todos me chamando de “bicha”, “gay” e outras ofensas. Me sinto ofendido e constrangido pelo ocorrido; não eram só alguns torcedores de torcida de futebol, eram crianças, mulheres, o ginásio inteiro gritando e me ofendendo. Eu poderia ter jogado melhor se não tivesse passado por esse constrangimento. Me senti julgado pelo lado pessoal e não pelo profissional que sou. Acho que este tipo de acontecimento não deve passar em branco, realmente me fez muito mal. Acho que deve ser divulgado e discutido para que isso não ocorra com mais ninguém – disse Michael.
Michael Volei Futuro ricardinho (Foto: Divulgação/CBV)
Ricardinho (esq.) e Michael (Foto: Divulgação/CBV)

De acordo com o Vôlei Futuro, a cota de 50 ingressos fornecida pelo time mandante era insuficiente para a torcida visitante. Além disso, alegam que o Ginásio do Riacho, que recebeu a partida, estava superlotado, com torcedores em pé junto às grades. O Cruzeiro rebate as reclamações, afirmando que entregou ao clube de Araçatuba o número de bilhetes requisitados e que estavam presentes apenas os 2.200 torcedores que a estrutura comporta. No site da CBV, o ginásio aparece listado duas vezes: em uma citação, a capacidade informada é de 2.000 torcedores. Na outra, 2.100.
Em comunicado oficial, o Cruzeiro disse que o que se viu durante a partida foi uma “torcida animada que deu um show nas arquibancadas”, e que a tentativa de “desvirtuar essa vitória é característica de mau perdedor, que não valoriza e nem respeita o esforço do adversário”. A diretoria completa ainda que não incentiva ou apoia qualquer ato considerado preconceituoso.

Michael Volei Futuro  (Foto: Divulgação/CBV)
Michael em ação na Superliga (Foto: CBV)
 
O Cruzeiro completa a nota afirmando que as acusações do Vôlei Futuro têm o intuito de intimidar o clube e criar um clima hostil entre as delegações no segundo jogo das semifinais da Superliga, e que qualquer ato de vandalismo será encaminhado pelo departamento jurídico aos órgãos competentes.

Comandante do 39º Batalhão da Polícia Militar, em Contagem, capitão Aloisio informou que não foi registrado qualquer incidente no jogo, não houve superlotação e que o contingente presente ao ginásio era suficiente para garantir a segurança do público e das equipes. Ele reconhece que o público ficou acima do esperado, mas que isso não prejudicou o esquema de segurança. Apesar de não ter registrado tumulto na saída do time paulista, o capitão afirmou que, no próximo jogo, vai reforçar o contingente para que a segurança na saída do ginásio seja melhorada.

O próximo confronto entre as duas equipes será às 10h deste sábado, em Araçatuba, com transmissão da Rede Globo.

Confira a íntegra do release do Vôlei Futuro:
Na primeira partida da semifinal da Superliga Masculina 2010/2011 entre Sada Cruzeiro e Vôlei Futuro, em Contagem (MG) o que era para ser um grande espetáculo de voleibol para os amantes que acompanharam pelo canal SporTV acabou tornando-se um show de condutas antidesportivas para o time visitante.

Ao chegar no Ginásio a equipe se deparou com um segurança aparentemente alcoolizado na porta de entrada do vestiário. Em determinado momento tal funcionário chegou a puxar um dos dirigentes do clube para que ele não entrasse no vestiário de sua própria equipe, sem argumentos ou controle emocional.

A equipe de Araçatuba tinha 50 ingressos para serem usados pelos jogadores reservas, dirigentes, assessoria de imprensa, ou seja, não tínhamos ingresso para a torcida do Vôlei Futuro assistir o jogo no Ginásio do Riacho, que possui capacidade média de 2.000 pessoas. Tais ingressos não foram suficientes nem para os familiares de nossos atletas, os quais mesmo com ingresso, não conseguiram assistir o jogo. Vale ressaltar que tais ingressos eram na arquibancada, junto com a torcida do Sada Cruzeiro que ainda será lembrada neste texto.

Era visível que havia excesso de lotação no ginásio, um grande número de torcedores assistiu à partida em pé das escadas que dão acesso às saídas do ginásio, obstruindo todas as passagens. Conforme regulamento do campeonato, é proibido que a torcida fique junto às grades, mas nada foi feito em Contagem, e não poderia, já que o policiamento local era inferior à necessidade de pessoas presentes.


Tratando-se da torcida do Sada Cruzeiro, esta atuou de maneira feroz e preconceituosa, mostrando ódio, aversão e discriminação a um dos atletas do Vôlei Futuro, deixando claro o manifesto de homofobia dentro do Ginásio. O coro era de forma organizada, crianças, homens e mulheres se juntaram para cometer o tremendo desrespeito e discriminação com o atleta Michael.

Na saída, mais um caso de desrespeito. Do Ginásio até o ônibus da equipe não havia segurança ou membro da organização da equipe adversária. Nossos atletas passaram pelos torcedores que se agrupavam para xingá-los e desrespeitá-los.

Além de tudo, alguns jogadores do Sada Cruzeiro deram entrevista dizendo que a torcida era maravilhosa, assim como algumas mídias e um blogueiro da Uol (Bruno Voloch), o qual chegou a dar nota 10 e dizer que a torcida era um exemplo a ser seguido.

Outras mídias simplesmente se omitiram diante dos fatos.

Lamentável e muito perigoso, pois é com esta intolerância celebrada que estamos lidando com as diferenças e principalmente com a formação e educação de crianças, adolescentes e adultos que presenciaram tais atitudes no ginásio ou na TV.
O relatório do jogo com as ocorrências foi encaminhado ao STJD e a CBV para que sejam tomadas as medidas cabíveis ao caso.

Transcrevemos abaixo o depoimento dado pelo jogador Michael, a algumas mídias, relatando a discriminação e as ofensas sofridas por ele no jogo ocorrido em Contagem (MG).

“No jogo em Contagem eram cerca de duas mil pessoas, o ginásio estava super lotado e todos me chamando de “bicha”, “gay” e outras ofensas. Me senti ofendido e constrangido pelo ocorrido; não eram só alguns torcedores de torcida de futebol, eram crianças, mulheres, o ginásio inteiro gritando e me ofendendo. O jogo foi transmitido pela TV e não só quem estava no ginásio pode ouvir, mas todos que assistiram ao jogo pela TV no Brasil inteiro, depois da partida as pessoas em Araçatuba e de diversos lugares vieram me perguntar o que tinha acontecido e se mostraram muito solidárias. Eu poderia ter jogado melhor se não tivesse passado por esse constrangimento e me senti julgado pelo lado pessoal e não pelo profissional que sou. Acho que este tipo de acontecimento não deve passar em branco, realmente me fez muito mal, acho que deve ser divulgado e discutido para que isso não ocorra com mais ninguém”, disse o atleta do Vôlei Futuro, Michael dos Santos.


Michael, alvo das ofensas, resolveu se posicionar. O meio de rede da equipe
de Araçatuba conversou abertamente com o Globoesporte.com sobre sua opção (?)sexual, lamentou as manifestações homofóbicas da torcida adversária e disse
esperar mudanças.

NOTA DA BLOGUEIRA: OPÇÃO SEXUAL? GENTE QUE VERGONHA, ESCREVER OPÇÃO SEXUAL... SERÁ QUE ELES ACREDITAM REALMENTE QUE SE ELE PUDESSE OPTAR, ELE OPTARIA PASSAR POR ISSO? É ORIENTAÇÃO SEXUAL!!!!!!
*O que aconteceu exatamente em Contagem? Já tinha passado por uma situação
semelhante antes?*
- No jogo em Contagem teve uma manifestação da torcida gritando “bicha”,
“gay”, todas essas coisas. Já tinha acontecido casos isolados de algumas
pessoas gritarem pelo clima do jogo. Mas nem escuto, deixo passar porque é
ignorância. Mas foi um coro, senhoras, crianças e mulheres gritando, já num
clima preconceituoso mesmo. Hoje resolvi falar para que isso não aconteça
mais, não só comigo, caso futuramente eu vá lá jogar de novo, se tivermos o
terceiro jogo (pelas semifinais da Superliga). Igual lá, nunca aconteceu.
Até por isso que resolvi falar, fazer uma manifestação.

*Você acredita que esse episódio atrapalhou o seu rendimento em quadra? Te
desconcentrou? *
- Desconcentrar não me desconcentrou, mas a situação me deixou constrangido.
Pensei sobre o que estava acontecendo. Eu nem olhava para a torcida. Quem me
vê jogando sabe que eu nem olho. Foi uma manifestação por causa do meu
jeito. Mesmo depois de me xingarem, não bati boca com ninguém, fui direto
para o vestiário, poderia ter retribuir, mas não fiz.

*A comissão técnica e os outros jogadores falaram com você sobre isso após o
jogo? Ou você externou isso? *
- No vestiário falei que estava chateado. Os dirigentes vieram falar comigo
também. Estavam escandalizados. Todo mundo ficou preocupado com o que eu
estava sentindo. Lógico que não estava feliz.
*
Você tem algum problema em falar sobre a sua opção sexual? *
- Sou gay, mas isso não precisa ser comentado. Todo mundo aqui sabe. Lógico
que nunca cheguei a assumir. Eu sou o Michael. Todo mundo sabe quem eu sou.
Eles me respeitam totalmente no time. Não só aqui, mas nos 10 anos que
joguei no São Bernardo. Todos os times me trataram bem.
*
Podemos publicar isso? Que você é mesmo gay?*
- Sim. Nunca cheguei e falei “sou gay” porque não tem necessidade. Todo
mundo sabe. Não tenho necessidade de sair divulgando.

*Você tem medo que, de alguma forma, suas declarações tenham efeito
contrário e aumentem mais ainda o clima hostil para a próxima partida e
futuros jogos em Minas? *
- Se tiver um efeito reverso, pelo menos estou fazendo algo para mudar. Pelo
menos não me calei diante dessa situação. Não gostei do que houve comigo e
não gostaria que acontecesse com ninguém. Muita gente ficou sensibilizada e
veio falar comigo.
*
O Vôlei Futuro está tomando providências jurídicas?*
- Não sei como vai ser feito, nem perguntei direito. Mas o clube vai me
informar quando estiver tudo resolvido.

*Sobre as reclamações do clube sobre segurança, superlotação, segurança
bêbado: você viu isso?*
- Eu fui direto para o vestiário e não prestei muita atenção, mas realmente
parecia que tinha uma superlotação.
*
E como está sua preparação para o jogo de sábado? Está conseguindo se
concentrar ou ficou abalado?*
- Estou bem. Estamos treinando direto com o time forte. Muita gente que
acompanha o vôlei está dando o maior apoio. Realmente fiquei assustado com a
situação. Uma coisa é torcida, outra é uma aglomeração te xingando,
apontando o dedo. Abalado não estou. Como atleta tenho que enfrentar, lidar
com isso.


*Vôlei Futuro e Cruzeiro se enfrentam às 10h deste sábado em Araçatuba (SP)
no segundo confronto da semifinal da Superliga Masculina de Vôlei, com
transmissão ao vivo da Rede Globo. Como venceu o primeiro duelo por 3 sets a
2, a equipe mineira precisa de apenas mais uma vitória para se classificar
para a decisão. *

Fonte: http://globoesporte.globo.com/volei/noticia/2011/04/volei-futuro-reclama-de-homofobia-e-tumulto-em-minas-cruzeiro-rebate.html


 PALAVRA ADVERSA: Gente! Estou chocada com isso... e muito triste... mulheres e crianças... dessa vez não são só marmanjos... que tristeza! Como essas crianças vão crescer? Aprendendo a serem preconceituosas com certeza... E que pais são esses? Meu Deeeeus!
mas tem uma coisa positiva! O Michael não se calou! Botou a boca no trombone! Estou impresssionada com a doragem e a determinação desse cara! Estamos com vc Michael!!!

2 comentários:

  1. Fato lamentável, entretanto considero muito importante o atleta não ter se omitido, declarando-se homosexual e dizendo que não deveria ser julgado por sua orientação e sim por seu desempenho no esporte. Vi a matéria hoje no Globo Esporte, inclusive mostrando as cenas em que a torcida em coro ofendia o jogador.

    Notei também que no documento da Confederação Brasileira de Desporto, mostrado na reportagem, cita que é proibida a discriminação por sexo apenas, ou seja, por ser homem ou mulher, e não quando a discriminação se der por orientação sexual. Acredito que a punição para o clube e para a torcida vai passar batido.

    O que mais me incomoda é saber que se o ginásio inteiro estivesse gritando ofensas racistas, com certeza a reação e a repreensão ao ato seria imediata. E tem gente que ainda se opõe ao PLC 122. Como a sociedade é hipócrita. Viva ao Brasil que elegeu Bolsonoro!

    É certo que estes casos estão ganhando mais espaço na grande imprensa e saindo das discussões internas do movimento. Tomara que a exposição de mais este ato homofóbico pelo menos contribua para um processo de mudanças na mentalidade da sociedade.

    ResponderExcluir
  2. É MARI... EU TBÉM FIQUEI MUITO TRISTE POR ISSO. PRA FALAR A VERDADE SE OS COMENTÁRIOS FOSSEM RACISTAS NEM IA PRA FRENTE PORQUE UM QUE COMEÇASSE A GRITAR "MACACO, CRIOULO" JÁ LEVAVA UM CHACOALHÃO DO NEGRO MAIS PRÓXIMO, OU MESMO OS BRANCOS IRIAM REPREENDÊ-LO. ACREDITO ATÉ QUE A MAIORIA DAS PESSOAS TENHA VERGONHA DE SER RACISTA (MENOS O BOLSONARO, É CLARO RSRS) MAS GAY? GAY TA TUDO BEM XINGARM MALHAR, BATER... AFINAL SÃO "AMALDICIOADOS POR DEUS"! PODE TER PRECONCEITO QUE TA TUDO CERTO, NÃO TEM LEI PRA ISSO! MAS É COMO VC FALOU... ANTES AS PESSOAS FINGIAM QUE O PRECONCEITO NÃO EXISTIA, AGORA ELE ESTÁ AI GRITANDO, TA GERANDO DEBATE! ESPERO QUE A PLC 122 PELO MENOS SEJA APROVADA, PRA FAZERMOS JUSTIÇA AOS AGREDIDOS E MORTOS. BJUS E OBRIGADO PELO COMENTÁRIO!!

    ResponderExcluir